Gabriel Moura/ Mauricio Baia/ Rogê)

Por uma cabeça
Estão a prêmio
Estão apenas por uma jogada
Por uma tacada
Por uma sacada de gênio

Eles tão armados
Estão jurados
Intencionados
Fazendo sinais de fumaça
Para anunciar que eles estão chegando

Seus puro sangues lado a lado
Vêm galopando
Levantando poeira
Vociferando
Quebrando o silêncio

Eles vêm fazendo o nome
Eles vêm de boca em boca
Colocando palavras na lingua do povo

São quatro caboclos em volta da mesa
Quatro presas versando em prosa
Travando trovas
Lembrando lendas
Alucinados

Paladinos do apocalypse
4 vértices, 4 histórias
São procurados e perigosos
Tome cuidado!

(Maurício Baia/ Gabriel Moura)


A vida é dura enquanto dura
Amargo é o gosto da amargura
São extratos de uma estrutura
Nem todo quadro quer moldura
A doença luta contra a sua cura
Eleito antes da candidatura
Não tem como pular aqui dessa altura
Não há boas lembranças da ditadura
Tudo isso e muito mais na sua TV Cultura
Tudo isso e muito mais na sua TV

Passei na Rural pra agricultura
O Criador pede conselhos à criatura
Quem sabe o que quer tá sempre a procura
O pneu mais novo é o que fura
Não só mata como desfigura
Deposto por falta de postura
Não tem como tocar esta partitura
Não há moleza pra quem tem pele escura
Tudo isso e muito mais na sua TV Cultura
Tudo isso e muito mais na sua TV

(Rogê/ Gabriel Moura/ Mauricio Baia)

Cantar esquenta a alma
Cantar acalma e traz felicidade, meu bem
Quando eu canto me sinto imune ao mal
Elevo o pensamento imune ao mal

Cante para aliviar seu pranto
Cante para não dormir no ponto
Cante pra ficar numa legal

Faça como o grilo
Sem grilo canta pro seu bem chegar
Ou faça como o galo
Que canta para o dia clarear
Ouça a cigarra
Que canta quando o clima esquenta
Solte a garganta
Cante comigo
Lalalaiá laiá laiá

 

(Luis Carlinhos/ Baia/ Fuzuê)


Não tenho nada em meio a tudo
Só carcaça para ser surrada
Não tenho casa e tenho filhos
Que sobrevivem mesmo sem abrigo

Não é lenda não é crendice
Pura verdade, quem é fraco não resiste
Tem que ser forte, muito guerreiro
Que desarmado não se entrega ao desespero
Que vai à luta de peito aberto
Matando a sede nas areias do deserto da vida
Que testa a cada dia o poder de se manter viva
A minha esperança que tudo vai clarear
O vento vai bater e a direção mudar
E eu sigo com a minha esperança
Que tudo vai girar, o jogo reverter
E mais justo ficar



*Baixolão: Gabriel Moura

 

(Gabriel Moura)

Copacabana no fim de semana
No bolso do turista vai o de menor
Olhado pela puta, pelo travesti
Pelo mendigo, pelo camelô…

A praia é tão bonita, tão iluminada
Na madrugada sensual
Do Leme até o Forte é uma coisa só
É nu anticonvencional
Chocante, very good, maneiro

O morro tá no calçadão
Madames e cadelas em exposição
Pintou uma francesa, fez um topless
Tem coco na areia, tem onda no mar
Tem gata pra se ver e se apaixonar
Tem coco na areia, tem cocô no mar
Tem cocô no mar

Aquela loura burra mora lá no Lido
Eu vi aquele artista da televisão
A molecada cheira pó, cheira cola e dorme no chão
São vinte em cada apartamento e vinte apartamentos por andar
Copacabana

 

(Mauricio Baia/ Gabriel Moura)

Lembrei de me esquecer a tempo
Perdi meus maiores achados
Odiei por amor
Utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos


Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram.

 

(Mauricio Baia/ Luis Carlinhos/ Gabriel Moura)

O poeta é o obstetra da palavra
A parteira do verso, é o interruptor
Da luz no fim do túnel
Do tempo, do amor

É o pente agarrado na juba do leão
A caneta e o pulso, é o interlocutor
Da voz de todo mundo
No fundo, o amor

Orangotango, orangotango...
Paranagolé, parangolé
Orangotango, orangotango...
Paranagolé, parangolé

êgo, nêgo....ah
NNêgo, nêgo....ah

 

(Gabriel Moura/ Maurício Baia)

Os pássaros cantam levando suas penas
Os loucos precisam de alguém que os atenda
Os gênios procuram a quem os entenda
O burro é um burro até que aprenda
A bruxa está solta e ninguém a condena
A imagem melhora se eu mexo na antena
O circo tá armado debaixo da tenda
Cristo consegue o diabo só tenta

Preciso saber lidar com dinheiro
Um ano demora um ano inteiro
É preciso saber lidar com dinheiro
Um ano demora um ano
Sicrano tá se reciclando
Beltrano e Fulano foram viajar

Com aquilo que tem ninguém se contenta
Do lado mais fraco a corda arrebenta
Balzac se amarra em mulher de quarenta
No olho da gente refresco é pimenta
No interior fazem amor com a jumenta
A mão que se estende às vezes num guenta
O homem depende daquilo que inventa
Isso é segredo vê se não comenta

Preciso saber lidar com dinheiro
Um ano demora um ano inteiro
É preciso saber lidar com dinheiro
Um ano demora um ano
Sicrano tá se reciclando
Beltrano e Fulano foram viajar

 

* Kazoo: Baia

 

(Baia/ Gabriel Moura/ Luis Carlinhos)

Da viola o violeiro vive
Na viola o violeiro achará
Um jeito de ajeitar as coisas
Um jeito de se ajeitar

Rodando na roda gigante
Do destino que é distante mas é promissor
Louvando a musa que lhe inspira o canto
Trazendo paz ao seu interior
Buscando no passo a passo
Desvendar o laço entre amor e dor

Refrão

Passando em diferentes praças
Dando o ar da sua graça a quem pagou pra ver
Quebrando tudo na viola vai
Dizendo tudo o que tem pra dizer
Buscando um olhar ao longe
Que seja capaz de lhe entender

Da viola o violeiro vive
Como quem rema no meio mar
Como quem brinca com a mão no fogo
Fazendo rima pra poder cantar

Voando sem sair do canto
Através do wireless do computador
Virtualizando o vício e a virtude
Por entre arrobas se compartilhou
Buscando alargar a banda
Com Iolanda on-line no seu monitor

 

(Gabriel Moura/ Seu Jorge/ Sérgio Campanelli)

Somos todos argentinos,
Brasileiros, mexicanos
Venezuelanos, colombianos
Peruanos, paraguaios,
Bolivianos e chilenos
Equatorianos e uruguaios
De el salvador, guatemaltecos
Panamenhos e tambem costa riquenhos
Das guianas e domenicanos
Haitianos, cubanos, americanos

Soy america
Minha america
Soy america
Latina america

Somos todos argentinos,
Brasileiros, mexicanos
Hondurenhos e da nicaragua
Como passaros ao vento
Juventude buena vibra
Que mistura samba com merengue
Negros, brancos, indios muy hermanos
Este é o nosso mundo novo
Vamos semear nossos caminhos
Multiplicando o ser humano americano

Soy america
Minha america
Soy america
Latina america

* Gaita: Baia
* Baixolão: Gabriel Moura

 

(Gabriel Moura / Seu Jorge / Jovi Joviniano)


Tem um Brasil
Que é próspero
Outro não muda
Um Brasil que investe
Outro que suga
Um de sunga
Outro de gravata
Tem um que faz amor
E tem um outro que mata

Brasil do ouro
Brasil da prata
Brasil do balacoxê
da mulata

Um Brasil que é lindo
Outro que fede
O Brasil que dá é
Iqualzinho ao que pede
Pede paz, saúde, trabalho, dinheiro
Pede pelas crianças do país inteiro

Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
Perde, ganha, sobe, desce
Vai á luta bate bola
Porém não vai á escola

Brasil de bronze
Brasil de lata
É negro, é branco, é Nissei
É verde,é índio peladão
É mameluco, é cafuzo,
É confusão
Óh pindorama eu quero
O teu porto seguro
Tuas palmeiras, tuas feiras, teu café,
Tuas riquezas, praias, cachoeiras
Quero ver o teu povo de cabeça em pé